quarta-feira, 30 de abril de 2008

Katrina

Peço licença ao Álvaro para postar um texto dele aqui no meu blog. (o Texto também pode ser encontrado no Horus, o blog dele)
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Katrina é alguém que mal começou a amar e já teve que aprender a sofrer.
E porque ainda sofre, derrama-se em poemas lacrimais escritos por poetas de priscas eras. Porque, afinal, os poetas servem justamente pra isso. Para falar por nós. Para dizer o que sentimos, mas não sabemos dizer. Ou não queremos dizer com nossas próprias palavras, seja por prudência ou por pudor.

"Meu corpo está sofrendo
é grande a minha dor,
eu vou enlaguescendo...
Rendo-vos mil graças, meu Senhor".

Quando envolta em panos de luto, onde se confunde o negro de seus cabelos, Katrina tem ar de Monastério, com sua antiguidade hierática, por cujos corredores, estreitos e sombrios, ela evoca as lembranças mais sentidas, na esperança de, a qualquer momento, abrir-se a porta de uma cela, e dela surgir o Monje (anjo) que a conduzirá ao Paraíso.

"Conturbam-se meus olhos,
meu mundo perde a cor,
minh´alma está confusa...
Fustigai-me, meu Senhor!"

Mas Katrina sabe que, a essa hora, o Monje está em outro Monastério, para onde o conduziu sua vocação teológica mais autêntica. Que resta, então, a essa moça que o ideal da Justiça trouxe de Veneza, senão resignar-se? Afinal, ela precisa de pouco. Como Lutero, basta-lhe um Livro, de cujas páginas emergem histórias trágicas e amargos profetas.

"Meu Deus, abrí-me as portas
da eterna servidão,
lançai-me vossa cólera
no Templo de Sião!"

Um dia, Katrina irá descobrir que ela é maior do que um livro. Porque é um ser vivo, pulsante, expressão sublime de um processo que se desenvolve por toda a Eternidade, nesse imensurável canteiro de obras da Criação.
Nesse dia, as portas do Monastério se abrirão e ela sairá para cultuar Apolo (o sol), deixando atrás de si o casarão sombrio, com seu livro, monges e profetas.

Alvaro Pacheco Rodrigues

La Edad del Cielo

Tá aqui uma música a qual amo em secreto a tempos. É linda, clara, simples... e como se não bastasse isso... Ainda é cantada em Espanhol. (idioma que amo... mesmo sem saber falar!)

O artista é o Jorge Drexler, a música é La Edad del Cielo (cuja tradução está neste sítio e o video está neste)... Espero que gostem tanto como eu! :-)
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No somos más
que una gota de luz,
una estrella fugaz,
una chispa, tan sólo,
en la edad del cielo.

No somos lo
que quisiéramos ser,
solo un breve latir
en un silencio antiguo
con la edad del cielo.

Calma,
todo está en calma,
deja que el beso dure,
deja que el tiempo cure,
deja que el alma
tenga la misma edad
que la edad del cielo.

No somos más
que un puñado de mar,
una broma de Dios,
un capricho del Sol
del jardín del cielo.

No damos pie
entre tanto tic tac,
entre tanto Big Bang,
sólo un grano de sal
en el mar del cielo.