quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Os Teus Olhos

Gosto de ti 
Não por seres linda ou por seres feia. 
Gosto de ti 
Pela cor indefinida dos teus olhos 
Na qual há uma mistura de todas as cores. 

 Nem sei mesmo se gosto dos teus olhos 
Mas gosto de ti, 
Por seres a dona de tais olhos. 
 
Gosto de ti 
Pela cor garça dos teus olhos ... 
 Nem azuis, nem verdes, nem cinzentos ... 
De uma luz vaga, indefinida, incerta, 

Como incerta e indefinida e vaga 
 É a minha vida 
E a vida de toda a gente 
Na hora que passa. 

 E é por isso, 
Por essa identificação da minha vida 
Com a cor incerta dos teus olhos, 
 Que eu gosto de ti. 

António Gouveia 
(Esse poema pode ser ouvido na voz de Luís Gaspar nesta página)

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

As Palavras

São como um cristal,
as palavras.
Algumas, um punhal,
um incêndio.
Outras,
orvalho apenas.

Secretas vêm, cheias de memória.
Inseguras navegam;
barcos ou beijos,
as águas estremecem.

Desamparadas, inocentes,
leves.
Tecidas são de luz
e são a noite.
E mesmo pálidas
verdes paraísos lembram ainda.

Quem as escuta? Quem
as recolhe, assim,
cruéis, desfeitas,
nas suas conchas puras?

Eugénio de Andrade
Poema "As Palavras" in Coração do Dia (1958)

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Sorrow

Father can you hear me?
How have I let you down?
I curse the day that I was born...
And all the sorrow in this world...

Let me take you to the hurting ground
Where all good men are trampled down
Just to settle a bet that could not be won
Between a prideful father and his son
Will you guide me now, for I can't see
A reason for the suffering and this long misery
What if every living soul could be upright and strong
Well, then I do imagine...

There will be Sorrow
Yeah there will be Sorrow
And there will be Sorrow, no more

When all soldiers lay their weapons down
Or when all kings and all queens relinquish their crowns
Or when the only true messiah rescues us from ourselves
It's easy to imagine...

There will be Sorrow
Yeah there will be Sorrow
And there will be Sorrow, no more
___________________

Música do Bad Religion (biografia da banda) - tradução da letra nesta página e vídeo nesta pagina.

PS.: A pintura que ilustra o post é Job, do pintor francês Léon Bonnat, cuja biografia (em inglês) você pode encontrar neste sítio.

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Sonhos

Eles não sabem que o sonho
é uma constante da vida
tão concreta e definida
como outra coisa qualquer,
como esta pedra cinzenta
em que me sento e descanso,
como este ribeiro manso
em serenos sobressaltos,
como estes pinheiros altos
que em verde e oiro se agitam,
como estas aves que gritam
em bebedeiras de azul.

Eles não sabem que o sonho
é vinho, é espuma, é fermento,
bichinho álacre e sedento,
de focinho pontiagudo,
que fossa através de tudo
num perpétuo movimento.

Eles não sabem que o sonho
é tela, é cor, é pincel,
base, fuste, capitel,
pináculo de catedral,
contraponto, sinfonia,
máscara grega, magia,
que é retorta de alquimista,
mapa do mundo distante,
rosa-dos-ventos, Infante,
caravela quinhentista...

Eles não sabem, nem sonham,
que o sonho comanda a vida,
que sempre que um homem sonha
o mundo pula e avança
como bola colorida
entre as mãos de uma criança.


António Gedeão
Poema "Pedra Filosofal''" in Movimento Perpétuo (1956)

domingo, 28 de setembro de 2008

Embriaguem-se

É preciso estar sempre embriagado. Aí está: eis a única questão. Para não sentirem o fardo horrível do Tempo que verga e inclina para a terra, é preciso que se embriaguem sem descanso.

Com quê? Com vinho, poesia ou virtude, a escolher. Mas embriaguem-se.

E se, porventura, nos degraus de um palácio, sobre a relva verde de um fosso, na solidão morna do quarto, a embriaguez diminuir ou desaparecer quando você acordar, pergunte ao vento, à vaga, à estrela, ao pássaro, ao relógio, a tudo que flui, a tudo que geme, a tudo que gira, a tudo que canta, a tudo que fala, pergunte que horas são; e o vento, a vaga, a estrela, o pássaro, o relógio responderão: "É hora de embriagar-se! Para não serem os escravos martirizados do Tempo, embriaguem-se; embriaguem-se sem descanso". Com vinho, poesia ou virtude, a escolher.

Baudelaire
(Fonte: Alguma poesia)

(publicado originalment no Béria - a Beh)

domingo, 20 de julho de 2008

Pigmaleão

Nos tempos imemoriais, celibatário em Chipre
Ele, Pigmaleão, isolado pela sua vontade
Esculpiu pelo ardor das suas mãos a mais bela
Das mulheres deste mundo, ela Galatéia
Fruto das suas mãos e dos seus esforços
Vivificada pelo alento condoído dos deuses.
    A noite é quente, é sufocante
    E só há o barulho noturno aqui e acolá
    E eu novamente sozinho, entre tantas ilusões
    E eu só posso te tocar pelas tuas imagens
    Que dançam diante da minha parca visão.

    Lembrar de ti, dos momentos juntos
    Onde estarás, onde estarão teus pensamentos ?
    Será que recordas acaso de mim ?
    Será que posso pensar em olhar pela janela
      Do futuro ?

Mil dias e mil noites, ele Pigmaleão
Com o esforço de suas mãos, produziu e modelou
Cada curva, cada sinuosidade, cada beleza e pureza
E já cansado, e já iludido, apaixonado
Adormeceu entre suas ferramentas
E a deusa compadecida, transformou o mármore
Em carne e osso.

Ele, Pigmaleão de Chipre, apaixonado pela estátua
Agora teria uma mulher real a dedicar o seu afeto
Mas a pergunta que não se cala ao peito do poeta:
A estátua acaso amaria Pigmaleão ?
Ou não poderia dedicar suas doçuras e carícias
A outro, que não se esforçou nem se esmerou
Que desconheceria as origens de Galatéia ?
    Será que olhando para a janela do amanhã
    Posso achar que o amanhã é meu ?
    Otimista, como se nada ou ninguém
    Pudesse me arrancar deste paraíso ?
    Teus pensamentos talvez nem sequer me cogitam
    Eu olho para ti, e teus olhos te desviam para [o] outro.

    E hoje estou aqui só, sozinho, só [sempre]
    Olhando para uma imagem, que insiste em sorrir
    De um passado [futuro ?] esquecido
    De uma mão acenando ao longe
    De um beijo que não insiste em se apagar
    E o nosso destino tornou-se apenas
    Um sonho.
R. S. P.

sexta-feira, 20 de junho de 2008

The Voice Within



Young girl, don't cry
I'll be right here when your world starts to fall
Young girl, it's all right
Your tears will dry, you'll soon be free to fly

When you're safe inside your room you tend to dream
Of a place where nothing's harder than it seems
No one ever wants or bothers to explain
Of the heartache life can bring and what it means

When there's no one else
Look inside yourself
Like your oldest friend
Just trust the voice within
Then you'll find the strength
That will guide your way
If you will learn to begin
To trust the voice within

Young girl, don't hide
You'll never change if you just run away
Young girl, just hold tight
And soon you're gonna see your brighter day

Now in a world where innocence is quickly claimed
It's so hard to stand your ground when you're so afraid
No one reaches out a hand for you to hold
When you're lost outside look inside to your soul

When there's no one else
Look inside yourself
Like your oldest friend
Just trust the voice within
Then you'll find the strength
That will guide your way
If you will learn to begin
To trust the voice within

Yeah...
Life is a journey
It can take you anywhere you choose to go
As long as you're learning
You'll find all you'll ever need to know

You'll make it
You'll made it
Just don't go forsake it because
No one can stop you
You know that I'm talking to you

When there's no one else
Look inside yourself
Like your oldest friend
Just trust the voice within
Then you'll find the strength
That will guide your way
If you will learn to begin
To trust the voice within

Young girl don't cry
I'll be right here when your world starts to fall...

____________________________

Vídeo aqui e letra traduzida nesta página.

(publicado originalment no Béria - a Beh)

sexta-feira, 16 de maio de 2008

Ligações


Compreendamo-nos sempre...
Eu aqui... e você acolá
Onde moro...
e onde seu travesseiro lhe faz ninho .
Quando é noite aí
também escurece aqui na minha paisagem


O fio invisível que nos liga
nos circunda e nos amarra
e as nossas almas,
antes tão soltas,
tão perdidas de nós mesmos

Agora unidas em um mundo que não vemos
mas que pressentimos...

E que é tão presente nas palavras
que o vento infla
e o tempo não desgata...

(publicado originalment no Béria - a Beh)

quinta-feira, 1 de maio de 2008

Des-Arquivamento de Blog

Povo do meu coração...

Estou aposentando a "Cruz Sub Rosa"...


O Cruz sub Rosa renasceu das cinzas... como a Fênix...

Por favor... visitem (e comentem) no meu novo blog: Béria - A Beh. E tenham paciência com ele.... ele acabou de nascer.... Ele promete melhorar! :-)

Mas ainda quero que comentem no novo Blog :-P

Beijos procês!

quarta-feira, 30 de abril de 2008

Katrina

Peço licença ao Álvaro para postar um texto dele aqui no meu blog. (o Texto também pode ser encontrado no Horus, o blog dele)
___________________________________________________

Katrina é alguém que mal começou a amar e já teve que aprender a sofrer.
E porque ainda sofre, derrama-se em poemas lacrimais escritos por poetas de priscas eras. Porque, afinal, os poetas servem justamente pra isso. Para falar por nós. Para dizer o que sentimos, mas não sabemos dizer. Ou não queremos dizer com nossas próprias palavras, seja por prudência ou por pudor.

"Meu corpo está sofrendo
é grande a minha dor,
eu vou enlaguescendo...
Rendo-vos mil graças, meu Senhor".

Quando envolta em panos de luto, onde se confunde o negro de seus cabelos, Katrina tem ar de Monastério, com sua antiguidade hierática, por cujos corredores, estreitos e sombrios, ela evoca as lembranças mais sentidas, na esperança de, a qualquer momento, abrir-se a porta de uma cela, e dela surgir o Monje (anjo) que a conduzirá ao Paraíso.

"Conturbam-se meus olhos,
meu mundo perde a cor,
minh´alma está confusa...
Fustigai-me, meu Senhor!"

Mas Katrina sabe que, a essa hora, o Monje está em outro Monastério, para onde o conduziu sua vocação teológica mais autêntica. Que resta, então, a essa moça que o ideal da Justiça trouxe de Veneza, senão resignar-se? Afinal, ela precisa de pouco. Como Lutero, basta-lhe um Livro, de cujas páginas emergem histórias trágicas e amargos profetas.

"Meu Deus, abrí-me as portas
da eterna servidão,
lançai-me vossa cólera
no Templo de Sião!"

Um dia, Katrina irá descobrir que ela é maior do que um livro. Porque é um ser vivo, pulsante, expressão sublime de um processo que se desenvolve por toda a Eternidade, nesse imensurável canteiro de obras da Criação.
Nesse dia, as portas do Monastério se abrirão e ela sairá para cultuar Apolo (o sol), deixando atrás de si o casarão sombrio, com seu livro, monges e profetas.

Alvaro Pacheco Rodrigues

La Edad del Cielo

Tá aqui uma música a qual amo em secreto a tempos. É linda, clara, simples... e como se não bastasse isso... Ainda é cantada em Espanhol. (idioma que amo... mesmo sem saber falar!)

O artista é o Jorge Drexler, a música é La Edad del Cielo (cuja tradução está neste sítio e o video está neste)... Espero que gostem tanto como eu! :-)
_____________________________________________

No somos más
que una gota de luz,
una estrella fugaz,
una chispa, tan sólo,
en la edad del cielo.

No somos lo
que quisiéramos ser,
solo un breve latir
en un silencio antiguo
con la edad del cielo.

Calma,
todo está en calma,
deja que el beso dure,
deja que el tiempo cure,
deja que el alma
tenga la misma edad
que la edad del cielo.

No somos más
que un puñado de mar,
una broma de Dios,
un capricho del Sol
del jardín del cielo.

No damos pie
entre tanto tic tac,
entre tanto Big Bang,
sólo un grano de sal
en el mar del cielo.

segunda-feira, 3 de março de 2008

Girls of Summer

Depois de uma semana de calor infernal (em plena estação das chuvas aqui em São Paulo)... eu me pergunto: Pra que que eu deixei o Recife, meu Deus?!? Num fim de semana como esse estaria eu na praia!!

Por falar em praia... a música do dia é do Aerosmith, Girls of Summer, do single de mesmo nome (lançado em 2002). Antes que os moralistas venham me perguntar se eu sei que a música tem conotação sexual... sei sim... fui eu que traduzi a letra dela! O vídeo está aqui! Divirtam-se! :-)
_____________________________

When winter hush turns summer pink
In half the time it takes to blink
But it all depends on what you think
About the girls of summer

When all you think of all day long
Is a pretty face inside a song
With a thought like that you can't go wrong
About the girls of summer

Oh yeah
(Do you know, everybody knows now)

Some girls are all about it
Some girls they love to let it fly
Some girls can't live without it
Some girls are born to make you cry

Over and over again

My favorite thing that drives me wild
Is when a city girl walks a country mile
For a boy she loves, God bless the child
Inside the girls of summer

Oh yeah
(Do you know, everybody knows now)

Some girls are all about it
Some girls they love to let it fly
Some girls can't live without it
Some girls are born to make you cry
Yeah, over and over again
Yeah, yeah, yeah, yeah, yeah


They get you climbin' the walls
They get you caught in their spell
They get you speakin' in tongues
Could this be Heaven or Hell
To fall in love twice a day
Is such a sweet place to be

Sîl vous plait

The best things about life are free
The pussywillow up your tree
To the one who climbs
They'll always be the girl, yeah

Some girls are all about it
Some girls they love to let it fly
Some girls no doubt about it
Some girls are born to make you cry

Some girls can't live without it
Some girls got twenty reasons why

Over and over and over and over and over

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

C. S. Lewis Song

(Interpetrada por Brooke Fraser - Você pode encontrar o vídeo aqui e a letra original (em inglês) aqui!)

Se eu encontrar em mim desejos
que nada neste mundo pode satisfazer,
Eu só posso concluir que eu não fui feito para este lugar.
Se a minha luta contra a carne é na melhor das hipóteses
apenas leve e momentânea.
Então é claro que eu me sentirei nua
Quando comparada com o lugar para onde estou destinada.

Fale comigo na luz da alvorada
Misericórdia vem com a manhã...
Eu suspirarei e com toda a criação gemerei enquanto espero

A esperança vir para mim!

Eu sou perdido ou apenas encontrado?
No caminho reto ou na incerteza do caminho errado?
Existe uma alma que se move em mim,
Ela está se libertando, querendo se tornar viva?
Porque o meu conforto me faz preferir ficar dormente
E evitar o vindouro nascimento de quem eu nasci para me tornar...

Fale comigo na luz da alvorada
Misericórdia vem com a manhã...
Eu suspirarei e com toda a criação gemerei enquanto espero

A esperança vir para mim!

Porque nós, nós não estamos aqui por muito tempo
Nosso tempo é apenas um fôlego, então e melhor respirá-lo

E eu, eu fui feita para viver,
Fui feita para amar,
Eu fui feita para Te conhecer!

A esperança está vindo pra mim (4x)

Fale comigo na luz da alvorada
Misericórdia vem com a manhã...
Eu suspirarei e com toda a criação gemerei enquanto espero

A esperança vir para mim!

_______________________________

PS.: Para aqueles que (sacrilégio dos sacrilégios!) não conhecem o C. S. Lewis... tá aqui o artigo sobre ele na wikipédia!

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

O Tempo e o Amor

(Sermão do Mandato (1643), fragmento)

Tudo cura o tempo, tudo faz esquecer, tudo gasta, tudo digere, tudo acaba. Atreve-se o tempo a colunas de mármore, quanto mais a corações de cera!

São as afeições como as vidas, que não há mais certo sinal de haverem de durar pouco, que terem durado muito. São como as linhas que partem do centro para a circunferência, que, quanto mais continuadas, tanto menos unidas.

Por isso os antigos sabiamente pintaram o amor menino,
porque não há amor tão robusto, que chegue a ser velho.
De todos os instrumentos com que o armou a natureza o desarma o tempo.
Afrouxa-lhe o arco, com que já não tira,
embota-lhe as setas, com que já não fere,
abre-lhe os olhos, com que vê o que não via,
e faz-lhe crescer as asas, com que voa e foge.

A razão natural de toda esta diferença, é porque o tempo tira a novidade às coisas, descobre-lhes os defeitos, enfastia-lhes o gosto, e basta que sejam usadas para não serem as mesmas. Gasta-se o ferro com o uso, quanto mais o amor?

O mesmo amar é causa de não amar, e o ter amado muito, de amar menos.


Pe. Antônio Vieira

domingo, 3 de fevereiro de 2008

Na Sua Estante

(Composição: Pitty)

Te vejo errando e isso não é pecado,
Exceto quando faz outra pessoa sangrar
Te vejo sonhando e isso dá medo
Perdido num mundo que não dá pra entrar
Você está saindo da minha vida
E parece que vai demorar
Se não souber voltar, ao menos mande notícias
'Cê acha que eu sou louca
Mas tudo vai se encaixar

Tô aproveitando cada segundo
Antes que isso aqui vire uma tragédia

E não adianta nem me procurar
Em outros timbres, outros risos
Eu estava aqui o tempo todo
Só você não viu

E não adianta nem me procurar
Em outros timbres, outros risos
Eu estava aqui o tempo todo
Só você não viu

Você tá sempre indo e vindo, tudo bem
Dessa vez eu já vesti minha armadura
E mesmo que nada funcione
Eu estarei de pé, de queixo erguido
Depois você me vê vermelha e acha graça
Mas eu não ficaria bem na sua estante

Tô aproveitando cada segundo
Antes que isso aqui vire uma tragédia

E não adianta nem me procurar
Em outros timbres, outros risos
Eu estava aqui o tempo todo
Só você não viu

E não adianta nem me procurar
Em outros timbres, outros risos
Eu estava aqui o tempo todo
Só você não viu

Só por hoje não quero mais te ver
Só por hoje não vou tomar a minha dose de você
Cansei de chorar feridas que não se fecham, não se
curam
E essa abstinência uma hora vai passar...

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Porque Mentias?

Por que mentias, leviana e bela,
Se minha face pálida sentias
Queimada pela febre?... e minha vida
Tu vias desmaiar... por que mentias?

Acordei da ilusão! a sós morrendo
Sinto na mocidade as agonias.
Por tua causa desespero e morro...
Leviana sem dó, por que mentias?

Sabe Deus se te amei! sabem as noites
Essa dor que alentei, que tu nutrias!
Sabe este pobre coração que treme
Que a esperança perdeu porque mentias!

Vê minha palidez: a febre lenta...
Este fogo das pálpebras sombrias...
Pousa a mão no meu peito... Eu morro! eu morro!
Leviana sem dó, por que mentias?


Alvares de Azevedo

Poesia completa aqui e recitação do poema aqui.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

The Hard Way


(Conposição: Keith Urban)

You've got your own way of looking at it baby
I guess that proves that I got mine
Seems like our hearts are set on automatic
We say the first thing that comes to mind
It's just who we are baby, we've come too far to start over now
I know what you're thinkin' ; I'm not always easy to be around

But I do love you
You keep me believin' that you love me too
And I know it's true
This love drives us crazy but nobody's walkin' away
So, I guess we'll to do it the hard way

If I had a genie in a bottle
Three wishes I could wish for us
I wish we'd live forever and get along together
Turn these tempers into trust

Do it the hard way

But I do love you
You keep me believin' that you love me too
And I know it's true
This love drives us crazy but nobody's walkin' away
So, I guess we'll to do it the hard way

It's just who we are baby, we've come to far to start over now
Believe me tonight love's the one thing in life we can't live without

But I do love you
You keep me believin' that you love me too
And I know it's true
This love drives us crazy but nobody's walkin' away
So, I guess we'll to do it the hard way

Do it the hard way
The hard way

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

When You Say You Love Me

Música do dia: "When You Say You Love Me" do Josh Gorban. Vídeo aqui e tradução nesta página.

Composição: Mark Hammond e Robin Scoffield


Like the sound of silence calling,

I hear your voice and suddenly
I'm falling, lost in a dream.
Like the echoes of our souls are meeting,
You say those words and my heart stops beating.
I wonder what it means.
What could it be that comes over me?
At times I can't move.
At times I can hardly breath.

When you say you love me
The world goes still, so still inside and
When you say you love me
For a moment, there's no one else alive


You're the one I've always thought of.
I don't know how, but I feel sheltered in your love.
You're where I belong.
And when you're with me if I close my eyes,
There are times I swear I feel like I can fly
For a moment in time.
Somewhere between the Heavens and Earth ,
And frozen in time, Oh when you say those words.

When you say you love me
The world goes still, so still inside and
When you say you love me
For a moment, there's no one else alive


And this journey that we're on.
How far we've come and I celebrate every moment.
And when you say you love me,
That's all you have to say.
I'll always feel this way.

When you say you love me
The world goes still, so still inside and
When you say you love me
In that moment,I know why I'm alive

When you say you love me.
When you say you love me.
Do you know how I love you?

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

O conto – Parte Dois – A Agonia de Katrina

Aliocha era um homem dividido... e Katrina sabia disto desde o começo.. sabia que a vocação monástica dele poderia trazer problemas a sua história! O que ela não imaginou... era que essa vocação ia trazer problemas tão cedo!


Menos de dois meses depois do dia em que ela descobriu-se a amar aquele jovem, ele lhe trouxe uma noticia que no mínimo iria abalar seu mundo. Aliocha lhe disse que os votos dele e a sua relação com Katrina eram incompatíveis naquele momento... e que ele precisava de um tempo só para poder ter certeza – tanto quanto aos seus votos monásticos ainda não desfeitos quanto a sua relação com ela – E acabou seu recém-começado namoro com Katrina.

E Katrina... que mal havia aprendido os segredos do amor... descobriu mais um: O amor só pode ser chamado assim quando envolve sofrimento. Pois Katrina sofreu... sofreu como nunca tinha sofrido em toda a sua vida. Katrina passava dias a pensar naquele jovem... horas e horas perdidas a pensar nele. Nem os livros a interessavam mais... ela sofria. E para os problemas do coração, os livros não são o melhor remédio.

As vezes Katrina simplesmente queria desistir... queria parar de sofrer! Mas como desistir do homem que ela amava? Ela se apegava a poesia... e repetia:


“ ... Não me deixes, não!” 1

Ou se apegava a música, e repetia:


“ ... Eu te amo calad[a]... como quem ouve
uma sinfonia..."
2


(Béria Lima)

P.S.: Outro trecho de música que é muito bonito (me foi mostrado hoje a noite por isso está postado como post scriptum ) é:

"... Mas amar é sofrer... Mas amar é morrer de
dor!"
3
____________________________________

1 Trecho do poema "Não me Deixes!" do Gonçalves Dias.
2 Trecho da música "Certas Coisas" do Lulu Santos e do Nelson Motta.
3 Trecho da música "Canto de Xangô" do Baden Powell e do Vinícius de Moraes.


(publicado originalment no Cruz sub Rosa)

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Certas Coisas

Composição: Lulu Santos / Nelson Motta

Não existiria som
Se não houvesse o silêncio
Não haveria luz
Se não fosse a escuridão
A vida é mesmo assim,
Dia e noite, não e sim...

Cada voz que canta o amor não diz
Tudo o que quer dizer,
Tudo o que cala fala
Mais alto ao coração.
Silenciosamente eu te falo com paixão...

Eu te amo calado,
Como quem ouve uma sinfonia...

De silêncios e de luz.
Nós somos medo e desejo,
Somos feitos de silêncio e som,
Tem certas coisas que eu não sei dizer...

A vida é mesmo assim,
Dia e noite, não e sim...

Cada voz que canta o amor não diz
Tudo o que quer dizer,
Tudo o que cala fala
Mais alto ao coração.
Silenciosamente eu te falo com paixão...

Eu te amo calado,
Como quem ouve uma sinfonia...

De silêncios e de luz,
Nós somos medo e desejo,
Somos feitos de silêncio e som,
Tem certas coisas que eu não sei dizer...
(E digo)

quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

Soneto da Dor

(Nota: Este soneto também está no livro Rimas do Albano... e como o outro... só é identificado por um número [Soneto IV] )

Mata-me, puro Amor, mas docemente,
Para que eu sinta as dores que sentiste
Naquele dia tenebroso e triste
De suplício implacável e inclemente.

Faze que a dura pena me atormente
E de todo me vença e me conquiste,
Que o peito saudoso não resiste
E o coração cansado já consente.

E como te amei e sempre te amo,
Deixa-me agora padecer contigo
E depois alcançar o eterno ramo.

E, abrindo as asas para o etéreo abrigo,
Divino Amor, escuta que eu te chamo,
Divino Amor, espera que eu te sigo.

José Albano

Soneto

(Nota: Este soneto está no livro Rimas do Albano... e não tem nome.. só um número de indentificação (Soneto IX)... apesar disso, é chamado por alguns de Soneto do Sonho)

Doce me foi viver, quando sonhava
E entre esperanças e ilusões sorria,
Antes de conhecer a dor sombria
Cuja lembrança na alma inda se grava.

Naquele tempo não adivinhava
A pena sem igual que dura um dia
Mas sempre faz surgir a fonte fria
Que os saudosos olhos banha e lava.

Cansado coração, tu nunca viste
Outro que tanto gozo e mágoa sente,
Outro que a tanto bem e mal resiste.

Amor te castigou severamente,
Pois foste, uma só vez apenas, triste
E nunca mais tornaste a ser contente.

José Albano