domingo, 28 de setembro de 2008

Embriaguem-se

É preciso estar sempre embriagado. Aí está: eis a única questão. Para não sentirem o fardo horrível do Tempo que verga e inclina para a terra, é preciso que se embriaguem sem descanso.

Com quê? Com vinho, poesia ou virtude, a escolher. Mas embriaguem-se.

E se, porventura, nos degraus de um palácio, sobre a relva verde de um fosso, na solidão morna do quarto, a embriaguez diminuir ou desaparecer quando você acordar, pergunte ao vento, à vaga, à estrela, ao pássaro, ao relógio, a tudo que flui, a tudo que geme, a tudo que gira, a tudo que canta, a tudo que fala, pergunte que horas são; e o vento, a vaga, a estrela, o pássaro, o relógio responderão: "É hora de embriagar-se! Para não serem os escravos martirizados do Tempo, embriaguem-se; embriaguem-se sem descanso". Com vinho, poesia ou virtude, a escolher.

Baudelaire
(Fonte: Alguma poesia)

(publicado originalment no Béria - a Beh)

2 comentários:

Éverton Vidal disse...

Nossa. A Cris está me enviando um livro dele. Já conhecia esse poema. Muito bom Beh!

Nao sabia que vc gostava.

Leandro Neres disse...

òtimo mesmo!!!
Deixei um selo pra vc lá meu blog...
Bjos
Leandro