segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Língua Portuguesa

Última flor do Lácio, inculta e bela,¹
És, a um tempo, esplendor e sepultura:
Ouro nativo, que na ganga impura
A bruta mina entre os cascalhos vela...

Amo-te assim, desconhecida e obscura,
Tuba de alto clangor, lira singela,
Que tens o trom e o silvo da procela
E o arrolo da saudade e da ternura!

Amo o teu viço agreste e o teu aroma
De virgens selvas e de oceano largo!
Amo-te, ó rude e doloroso idioma,

Em que da voz materna ouvi: "meu filho!"
E em que Camões chorou, no exílio amargo,
O gênio sem ventura e o amor sem brilho!

Olavo Bilac
Poema "Língua Portuguesa" in Tarde
(Esse post é parte complementar desta reflexão)
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1. "A expressão "Última flor do Lácio, inculta e bela" é usada para designar a língua portuguesa, considerada a última das filhas do latim (que nasceu na região do Lácio, na Itália, por isso "flor do Lácio"). O termo inculta fica por conta de todos aqueles que a maltratam ao falar e escrever de forma incorrecta, mas que não a tornam por isto menos bela."

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